Viagem interestelar é, na ficção científica, uma viagem não-tripulada ou tripulada entre as estrelas, embora o uso do termo geralmente denote a última. O conceito de viagem interestelar em espaçonaves é uma matéria-prima básica da ficção científica. Há uma tremenda diferença entre viagem interestelar e viagem interplanetária, principalmente devido às distâncias muito maiores envolvidas.Como um objetivo prático, a viagem interestelar têm sido ferozmente debatida por vários cientistas, autores de ficção científica, hobbistas e entusiastas. Muitos artigos científicos têm sido publicados sobre conceitos correlatos. Dado suficiente tempo de viagem e trabalho de engenharia, viagem interestelar não-tripulada e geracional parece ser possível, embora represente um desafio tecnológico e econômico considerável, improvável de ser resolvido (particularmente no tocante a veículos tripulados) ainda por algum tempo. ANASA tem estado engajada em pesquisa sobre estes tópicos por vários anos e tem acumulado certo número de abordagens teóricas.
A dificuldade da viagem interestelar
A viagem interestelar apresenta uma série de dificuldades. Há todas as dificuldades da viagem interplanetária, a incluir vácuo quase total, radiação, micrometeoróides eimponderabilidade. Estas dificuldades parecem ser solúveis; enviaram-se missões robóticas a cada planeta do Sistema Solar, humanos à Lua, e fizeram-se planos de missões tripuladas a Marte durante anos. A viagem insterestelar é enormemente mais difícil pelas distâncias milhões de vezes maiores às estrelas vizinhas. Viagens intergalácticas teriam distâncias ainda outro milhão de vezes maiores do que as viagens interestelares.
Distâncias interestelares
As distâncias astronômicas são por vezes medidas segundo a quantidade de tempo que demora um raio de luz em viajar entre dois pontos (ver ano-luz). A luz no vácuo viaja a 299.792.458 metros por segundo.
A distância entre a Terra e a sua Lua é de 1,25 segundos-luz. Com as tecnologias de propulsão actuais, uma viagem assim demora uns três dias a uma nave espacial.
A distância da Terra a outros planetas no sistema Solar varia de três minutos-luz até aproximadamente cinco horas-luz. Segundo o planeta e o seu alinhamento com a Terra, para as típicas naves espaciais não tripuladas essas viagens demoram de poucos meses a uma década. Em 2006, a Voyager 1 ultrapassou as 100 unidades astronômicas (cerca de 14 horas-luz) do Sol e está deixando o Sistema Solar. Isso ocorreu quase 30 anos após o lançamento. Além disso, no estágio presente da tecnologia espacial, as mais longas missões não-tripuladas (as sondas Voyager) têm uma vida útil estimada em aproximadamente 60 anos, metade dos quais já se passaram. Após esse prazo, sistemas vitais das sondas Voyager (como a geração de energia) começarão a falhar e não haverá possibilidade de reparos. Eventualmente, a comunicação se perderá. Será necessário um sistema de auto-reparações automatizadas se quisermos ter sucesso nas missões não-tripuladas.
O sistema planetário mais próximo conhecido do Sol é chamado Alpha Centaury, situado a 4,2 anos-luz de distância. A Voyager 1 é a nave espacial mais rápida já construída e pode alcançar uma velocidade de 77,3 km/s ou 0,025% da velocidade da luz (em relação à Terra). A tal velocidade, a viagem demoraria 50.245 anos. Tal tempo poderia ser reduzido para alguns poucos milênios com o uso de veleiro solar ou para poucos séculos com o uso de propulsão por pulsos nucleares (sistema Orion).
Não há, entretanto, nenhuma tecnologia capaz de levar espaçonaves às estrelas num intervalo de tempo razoável. As atuais teorias da Física afirmam que é impossível viajar mais rápido que a luz e afirma-se que, se isso fosse possível, seria também possível a construção de máquinas do tempo.
A Relatividade Geral, entretanto, oferece a possibilidade teórica de viajar mais rápido que a luz sem violar as leis da Física. Isso poderia ser feito, por exemplo, através de um buraco de verme. Apesar disso, a existência dos buracos de verme ainda não foi comprovada. Outros mecanismos para viajar mais rápido que a luz com base na relatividade exigem a existência e o uso de matéria exótica.
Viagem tripulada vs. Viagem não-tripulada
A massa de uma nave capaz de transportar humanos seria muitas ordens de grandeza maior que a de uma nave ou sonda espacial não-tripulada. Como exemplo, podemos citar as diferenças entre a primeira sonda espacial, Luna I, que pesava 361 kg e a primeira nave a levar um ser vivo (cadela Laika), o Sputnik II, que pesava 508,3 kg. Isso, claro, é apenas um exemplo. As diferenças, no caso de uma viagem interestelar seriam enormes, pois as distâncias e o tempo envolvido seriam muito maiores. Além disso, uma nave tripulada exigiria um sistema fechado de suporte biológico.
Tipos de viagem interestelar
Há dois tipos de viagem interestelar. Um é a viagem interestelar lenta, que já é tecnologicamente possivel, mas que exige um grande intervalo de tempo, muitas vezes superior à expectativa de vida dos seres humanos. Outro é a viagem interestelar rápida, que ainda não é tecnologicamente possível , mas que poderia ser concretizada com futuros avanços técnicos e descobertas científicas.
Viagem interestelar lenta
Uma viagem interestelar lenta normalmente faria uso de tecnologias de propulsão já disponíveis. Como resultado, tais viagens seriam extremamente longas, com duração variando de cem a milhares de anos. Viagens tripuladas lentas poderiam ser usadas como viagens de ida para o estabelecimento de colônias. Mesmo assim, o longo tempo da viagem seria um obstáculo imenso por si só. Seguem algumas propostas para contornar o problema:
Naves multigeracionais
Uma nave (multi)geracional seria uma espécie de arca interestelar. Os viajantes viveriam normalmente durante a viagem. A tripulação que chegaria ao destino seria formada por descendentes daqueles que deixaram a Terra.
Mas a possibilidade de criação de naves multigeracionais é pequena, por que elas apresentam grandes problemas. Elas teriam que ser muito grandes; pesariam tanto que teriam que ser construídas em órbita, o que seria muito caro. Outra exigência de uma nave multigeracional é a existência de um sistema fechado de suporte biológico, uma espécie de habitatarticial. Ecossistemas fechados, como a Biosfera 2 foram construídos com o intuito de estudar tal possibilidade. Os resultados, porém, têm sido insatisfatórios, e a um alto custo.
Além disso, naves multigeracionais teriam outros problemas biológicos e sociais. Estimativas quanto ao número de tripulantes variam, mas o menor valor proposto é de 180. Uma população tão pequena seria bastante suscetível à deriva genética, o que colocaria o pool de genes abaixo dos níveis seguros. Dada a possibilidade de uma viagem com milhares de anos de duração (mais longa que a existência das civilizações humanas), há o sério risco de que a população que chegar ao destino não faça o que havia sido planejado; há também a possibilidade de se esquecerem que estão numa nave multigeracional. Na pior das hipóteses, a tripulação pode ter caído no barbarismo. Tais possibilidades foram exploradas por vários autores de FC, como Robert A. Heinlein num romance em dois volumes chamado Órfãos do Céu (Orphans of the Sky), e E.C. Tubb em Star Ship.
Animação Suspensa
Tanto cientistas quanto escritores de ficção científica propõem várias técnicas de animação suspensa. Dentre essas, destacam-se os possíveis usos de hibernação humana epreservação criogênica. Atualmente, nenhuma das técnicas propostas está disponível, mas elas são preferidas pelos que defendem o uso de naves-dormitório, nas quais os passageiros ficariam inertes durante os longos períodos de tempo de uma viagem interestelar.
Expectativa de Vida Estendida
Uma outra possibilidade é a abordagem defendida por Aubrey de Gray. Segundo ele, seria possível estender a expectativa de vida humana até milhares de anos, através do uso de engenharia preventiva ou reparativa em nível celular. Tal técnica, entretanto, ainda não está disponível, e é pouco provável que tenha sucesso.
Isso possibilitaria uma única tripulação numa viagem interestelar, mas os efeitos psicológicos e biológicos de uma viagem tão longa ainda seriam um problema sem solução.
Embriões congelados
Uma missão espacial robótica que carregasse certo número de embriões humanos é outra possibilidade teórica. Esse método de colonização espacial requer, entre outras coisas, o desenvolvimento de um meio artificial que simulasse as condições do útero, o que permitiria uma gestação. Além disso, seria necessário um maior desenvolvimento da robótica. Há ainda o problema de como educar crianças que se desenvolveriam a uma distância tão grande da Terra que a comunicação entre a nave e o nosso planeta levaria anos ou mesmo vários séculos. Também devemos nos perguntar como explicaríamos a tal indivíduo o que ele deveria fazer, isto é, qual seria sua missão. A questão psicológica, portanto, ainda persistiria nesta abordagem.
Viagem interestelar rápida
A idéia de naves capazes de alcançar as estrelas rapidamente (em relação à expectativa de vida humana) é bastante atrativa. Entretanto, isso requer algum tipo exótico de propulsão ou mesmo uma Física exótica.
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