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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Marte e Ray Bradbury

Jornada nas Estrelas - StartrekBrazil. O Espaço, a Fronteira Final...

O fascínio pelo espaço transformou a vida do escritor Ray Bradbury,

Artist impression of Phobos spacecraftImage via WikipediaNa minha infância, li Edgar Rice Burroughs e adorei os livros marcianos dele. Segui as instruções de seu pioneiro em Marte, John Carter; quando eu tinha 12 anos, ele me explicou que aquilo era mesmo muito simples: se eu quisesse seguir a avenida de Lowell e chegar até as estrelas, bastava sair para o gramado em uma noite de verão, erguer os braços, olhar bem fixo para o planeta Marte e dizer: “Leve-me para casa”.
Foi naquele dia que Marte me levou para casa – e, para falar a verdade, eu nunca mais voltei. Comecei a datilografar em uma máquina de escrever de brinquedo. Eu não tinha dinheiro para comprar todos os livros marcianos que desejava ter, por isso comecei a escrever a continuação daquelas histórias por conta própria.
Quando tinha 15 anos, um marciano fantasiado de menino foi ver o filme Daqui a Cem Anos, de H.G. Wells, sobre um futuro na Terra que era sombrio e dilacerado pela guerra. Na cena final, o protagonista, Cabal, e seu amigo Passworthy observam o primeiro foguete para a Lua desaparecer nos céus, carregando os filhos adultos dos dois para um destino mais otimista. Cabal olha para o chão, em seguida para o céu, e diz a Passworthy e ao público: “É isto ou aquilo? O universo inteiro ou nada? Qual dos dois vai ser?”. Este marciano saiu do cinema inspirado para escrever mais histórias, porque eu sabia que chegaríamos até as estrelas.
Alguns anos depois, fui até Nova York a bordo de um ônibus Greyhound, na esperança de encontrar uma editora que me publicasse. Levei comigo uma pilha de manuscritos, e as pessoas perguntavam: “Isso aí é um romance?”. E eu respondia: “Não, eu escrevo contos”.
Na última noite em Nova York, tive meu golpe de sorte. Jantei com um editor da Doubleday que me disse: “Acho que, sem perceber, você de fato acabou escrevendo um romance”.
Perguntei a ele o que aquilo significava.
Ele respondeu: “Se você juntar todas as suas paisagens marcianas e fazer uma colcha de retalhos, será que não formariam um livro que poderia se chamar As Crônicas Marcianas?”. Fiquei atordoado. O pequeno marciano que existe dentro de mim não percebera que tinha colocado as mãos dentro das minhas para pressionar as teclas da máquina de escrever e redigir um livro. Terminei o volume no decorrer dos seis meses seguintes. Eu estava com 29 anos – e já bem encaminhado na direção das estrelas.
Em 1976, fui convidado a passar a noite no Jet Propulsion Laboratory (Laboratório de Propulsão a Jato), em Pasadena (EUA), à espera de notícias da sonda Viking 1, que pousaria em Marte e faria fotografias. Foi emocionante estar lá à espera das primeiras imagens. Havia um cavalheiro alto ao meu lado, e achei que o conhecia de algum lugar. No & m, percebi que ele não era ninguém menos do que Wernher von Braun, fugido da Alemanha e radicado nos Estados Unidos, um dos inventores do foguete que nos levou primeiro para a Lua e que agora nos conduzia a planetas. Cedo, as fotos começaram a chegar. Eu mal conseguia acreditar que estava vendo a superfície de Marte! Às 9h da manhã, a rede de televisão ABC me colocou no ar para registrar minha  reação. O entrevistador perguntou: “Sr. Bradbury, o que pensa sobre este pouso? Onde estão as cidades marcianas, e todos os seres vivos?”.
“Não seja tolo”, eu respondi. “NÓS somos os marcianos! Vamos viver ali durante um milhão de anos no futuro. Finalmente, SOMOS MARCIANOS!”.

por Ray Bradbury Fonte: NATIONAL GEOGRAPHIC BRASIL  
- Graças a genialidade da mente de Ray Bradbury, podemos ter alguns vislumbres do que a humanidade pode vir a realizar e vivenciar em termos de relações e civilizações, seus contos são de longe uma janela para o que pode ser o futuro assim como Gene Roddemberry o fez com Star Trek!

Startrekbrazil.blogspot.com sempre pensando em você!



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